Não sou biólogo nem lente
muito menos profeta,
mas vejo a viúva negra
às voltas na teia sem meta.
O seu mortal beijo envolve
mais um inseto cativo.
Um trago que nada resolve,
apenas dá vida ao objetivo
de viver e sobreviver
num cenário puramente sombrio
alavancado no desprazer
de matar tudo no rio.
Será a rainha da selva
capaz de guardar em segredo
tantas e tantas mortes
venenos, teias e medo.
Rezo por ti, viúva,
porque a teia se desfaz.
Vêm anos de muita chuva
e, enfim, há crias por trás.